Teatro de bonecos-Cia. Truks

 

A Cia. Truks – Teatro de Bonecos foi criada em 1990, e desde então apresenta seus espetáculos de repertório em teatros, escolas, instituições ou espaços alternativos de todo o Brasil, além de participar de mostras e festivais de teatro e teatro de animação em países do exterior. Paralelamente, ministra cursos e oficinas sobre técnicas de animação de bonecos, objetos e figuras, além de cursos sobre procedimentos dramatúrgicos para esta arte específica. Eventualmente atua na área publicitária, criando roteiros, bonecos e animações diversas para filmes e eventos afins.

A Cia. coordena, desde 2002, o Centro de Estudos e Práticas do Teatro de Animação, projeto laureado pela Prefeitura de São Paulo - Secretaria Municipal da Cultura, através do Prêmio Teatro Cidadão. O Centro, a partir de uma programação que envolve a realização de oficinas, palestras, ciclos de debates, extensa realização de pesquisas teatrais e sucessivas mostras de espetáculos, tem preenchido importante função na capital paulistana, como verdadeiro espaço de referências para o teatro de animação, onde profissionais da área e interessados encontram vasto material para estudo, análise, discussão, apreciação e reflexão sobre este fazer teatral, a fim de, sobretudo, operarem a construção de novos e diferenciados trabalhos artísticos. O espaço foi responsável pela formação profissional de dezenas de encenadores, além de haver apoiado a criação de importantes espetáculos teatrais, tais como “O PRINCÍPIO DO ESPANTO”, “PÉS DESCALÇOS” e “PEQUENAS COISAS”, do grupo Morpheus Teatro; “PINÓQUIO ETC E TAL”, da Cia. Teatro Por Um Triz;  “ALBERTINHO, MENINO VOADOR”, da Cia Luzes e Lendas e “POPOL VUH”, da Cia Matéria Bruta, entre outros, todos dirigidos e ou orientados por Henrique Sitchin, coordenador do Projeto e da Cia Truks.

Laureada com importantes prêmios, tais como o Mambembe, do Ministério da Cultura, o APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, o Coca Cola de Teatro Jovem, o Prêmio Panamco no Teatro e o Estímulo da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, e reconhecida pela crítica, a Cia. Truks tornou-se bastante conhecida, também, do “grande público”, ao participar, em alguns casos de forma pioneira em nosso país, de inúmeros programas de TV que não somente consolidaram a imagem dos bonecos do grupo, manipulados totalmente à vista da platéia, como, sobretudo, dignificaram a arte do teatro de bonecos, ao mostrar, para grandes audiências, elaboradas formas deste trabalho, até então desconhecidas no Brasil.

Truks notabilizou-se, ao longo dos anos, por seu extremo profissionalismo, marcado por cada uma de suas mais de 7.000 apresentações já realizadas, além de uma constante e obsessiva busca pela perfeição técnica, pela vida e máxima expressividade de seus bonecos. Dotou o seu trabalho e pesquisa cênica de uma característica singular, ao desenvolver uma técnica particular de animação de bonecos, inspirada na centenária arte japonesa do Bunraku, em que três atores, simultaneamente, animam o mesmo boneco, conferindo-lhe movimentos humanos precisos, que encantam e surpreendem plateias de todas as idades. Não somente, desenvolveu uma linguagem própria de animação de objetos do cotidiano, que se transformam em divertidas personagens de espetáculos extremamente inteligentes e criativos. A Cia. combina, a essa estética refinada de manipulação, uma dramaturgia rica que, com delicadeza, usa o caráter mágico de seus bonecos para envolver e encantar crianças, escolha primeira do grupo. Sua capacidade de comunicação direta e precisa com este público é patente, concretizada através de histórias bonitas, que consideram e respeitam o seu rico universo criativo, ao tempo em que lhes oferecem visões de mundo instigantes, inovadoras, e repletas de fantasia e poesia. Truks almeja fazer de sua atividade artística um forte instrumento de enriquecimento do imaginário infantil, atuando diretamente na formação de cidadãos críticos, criativos e, sobretudo, sensíveis, prontos a responder, com afeto e respeito ao próximo, aos desafios da vida futura.

Desde 2004, através dos trabalhos realizados no Centro de Estudos e Práticas do Teatro de Animação, o grupo vem empreendendo pesquisas acerca das possibilidades do teatro de animação também para adultos, que resultaram na montagem das peças “Big Bang”, em 2006, “Isto Não é Um Cachimbo”, em 2007 e “História de Bar” em 2009. Como decorrência das pesquisas empreendidas pelo grupo, a Cia Truks publicou dois importantes livros: “A POSSIBILIDADE DO NOVO NO TEATRO DE ANIMAÇÃO” (2009), em que faz um detalhado relato das experiências realizadas pelo projeto CENTRO DE ESTUDOS E PRÁTICAS DO TEATRO DE ANIMAÇÃO, de como foram desenvolvidos uma série de exercícios para o surgimento de uma dramaturgia própria, e NOVA, para este tipo de teatro; Dos espetáculos direta ou indiretamente produzidos pelo projeto e muitas ideias, reflexões e questionamentos sobre esta arte. Já o livro “O PAPEL DO ATOR ANIMADOR NA CENA TEATRAL” (2010), promove uma reflexão sobre como a definição do papel do ator animador na cena pode, não somente auxiliar, como ter implicações fundamentais para a construção da dramaturgia. Fala também das questões relativas ao treinamento do ator animador - Procedimentos necessários e muitos exercícios possíveis. Os títulos vêm contribuir, assim, para o enriquecimento da pouquíssima bibliografia disponível, em língua portuguesa, sobre a arte do teatro de animação.

Em 2012, após a conclusão de trabalhos iniciados em 2010, o grupo estreou duas novas montagens: Os espetáculos “SONHATÓRIO” e “POR UMA ESTRELA”. O primeiro foi laureado com o Prêmio APCA na Categoria Ator Revelação, para o trio de jovens atores do espetáculo e é finalista do Prêmio Femsa em 4 categorias, incluindo Melhor Espetáculo. “Por Uma Estrela”, por sua vez, foi indicada ao Prêmio Femsa pela excelência do trabalho de animação dos bonecos do espetáculo. Ambas as peças são resultados de inquietudes que marcam a vida do grupo nos últimos anos. Em “Sonhatório” usamos objetos do cotidiano, com extrema criatividade, para construir um imenso universo de fantasia, que envolve o fundo do mar, desertos áridos e o espaço sideral. Já em “Por Uma Estrela” nenhuma palavra verbal é dita para que se conte uma bonita e profunda história de amor.